Atravessa esta paisagem o meu sonho de um porto infinito
E a cor dar flores é transparente de as velas de grandes navios
Que largam do cais arrastando nas águas por sombra
Os vultos ao sol daquelas árvores antigas...
E o porto que sonho é sombrio e pálido
E esta paisagem é cheia de sol deste lado...
Mas no meu espírito o sol deste dia é porto sombrio
E os navios que saem do porto são estas árvores ao sol...
Liberto em duplo, abandonei-me da paisagem abaixo...
O vulto do cais é a estrada nítida e calma
Que se levanta e se ergue como um muro,
E os navios passam por dentro dos troncos das árvores
Com uma horizontalidade vertical,
E deixam cair amarras na água pelas folhas uma a uma dentro....
Não sei quem me sonho...
Súbito toda a água do mar é transparente
E vejo no fundo, como uma estampa enorme que lá estivesse desdobrada,
Esta paisagem toda, renque de árvore, estrada a arder em aquele porto,
E a sombra duma nau mais antiga que o porto que passa
Entre o meu sonho do porto e o meu ver esta paisagem
E chega ao pé de mim, e entra por mim dentro,
E passa para o outro lado da minha alma...
(...)
Fernando Pessoa
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Quote of the Day
The aim of education is the knowledge not of facts but of values.
William Ralph Inge
The aim of education is the knowledge not of facts but of values.
William Ralph Inge
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Sugestão de Leitura
O Filósofo e o Lobo é a história real de uma relação de doze anos entre um homem e um lobo. É um ensaio sobre o que nos separa (e aproxima) dos animais, um tratado sobre a lealdade, o companheirismo e o amor. Mas é também, acima de tudo, uma narrativa comovedora, pungente, sobre o que significa ser-se humano - e sobre o que podemos aprender com os lobos.
Subscrever:
Mensagens (Atom)