segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
sábado, 25 de janeiro de 2014
Rasgos de um olhar...
As irregularidades de uma paisagem natural são admiráveis: a variedade de tonalidades, exacerbada pela diversidade de espécies arbóreas que cresceram sem a intervenção humana, conferem um misto de beleza e frescura a que se vem juntar a luminosidade do astro-rei.
Azuis os montes que estão longe param.
Azuis os Montes
Azuis os montes que estão longe param.
De eles a mim o vário campo ao vento, à brisa,
Ou verde ou amarelo ou variegado,
Ondula incertamente.
Débil como uma haste de papoila
Me suporta o momento. Nada quero.
Que pesa o escrúpulo do pensamento
Na balança da vida?
Como os campos, e vário, e como eles,
Exterior a mim, me entrego, filho
Ignorado do Caos e da Noite
Às férias em que existo.
Ricardo Reis
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
Amigo
Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».
«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar Na nossa mão!
«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.
«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!
Inaugurámos a palavra «amigo».
«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar Na nossa mão!
«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.
«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!
Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
Poema do Futuro- António Gedeão
Conscientemente escrevo e, consciente,
medito o meu destino.
No declive do tempo os anos correm,
deslizam como a água, até que um dia
um possível leitor pega num livro
e lê,
lê displicentemente,
por mero acaso, sem saber porquê.
Lê, e sorri.
Sorri da construção do verso que destoa
no seu diferente ouvido;
sorri dos termos que o poeta usou
onde os fungos do tempo deixaram cheiro a mofo;
e sorri, quase ri, do íntimo sentido,
do latejar antigo
daquele corpo imóvel, exhumado
da vala do poema.
Na História Natural dos sentimentos
tudo se transformou.
O amor tem outras falas,
a dor outras arestas,
a esperança outros disfarces,
a raiva outros esgares.
Estendido sobre a página, exposto e descoberto,
exemplar curioso de um mundo ultrapassado,
é tudo quanto fica,
é tudo quanto resta
de um ser que entre outros seres
vagueou sobre a Terra.
medito o meu destino.
No declive do tempo os anos correm,
deslizam como a água, até que um dia
um possível leitor pega num livro
e lê,
lê displicentemente,
por mero acaso, sem saber porquê.
Lê, e sorri.
Sorri da construção do verso que destoa
no seu diferente ouvido;
sorri dos termos que o poeta usou
onde os fungos do tempo deixaram cheiro a mofo;
e sorri, quase ri, do íntimo sentido,
do latejar antigo
daquele corpo imóvel, exhumado
da vala do poema.
Na História Natural dos sentimentos
tudo se transformou.
O amor tem outras falas,
a dor outras arestas,
a esperança outros disfarces,
a raiva outros esgares.
Estendido sobre a página, exposto e descoberto,
exemplar curioso de um mundo ultrapassado,
é tudo quanto fica,
é tudo quanto resta
de um ser que entre outros seres
vagueou sobre a Terra.
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
domingo, 19 de janeiro de 2014
Fernando Pessoa
domingo, 12 de janeiro de 2014
sábado, 4 de janeiro de 2014
O sal da língua
Escuta, escuta: tenho ainda uma coisa a dizer.
Não é importante, eu sei, não vai
salvar o mundo, não mudará
a vida de ninguém - mas quem
é hoje capaz de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido
da vida de alguém?
Escuta-me, não te demoro.
É coisa pouca, como a chuvinha
que vem vindo devagar.
São três, quatro palavras, pouco
mais. Palavras que te quero confiar,
para que não se extinga o seu lume,
o seu lume breve.
Palavras que muito amei,
que talvez ame ainda.
Elas são a casa, o sal da língua.
Eugénio de Andrade
12 anos escravo
Nunca
a escravatura terá sido objeto de um esforço tão metódico em reproduzir
com tamanha secura a sua brutalidade intrínseca. Sob esse prisma, não
admira que esta obra de Steve McQueen, que já se havia dedicado a um
processo intimista de decadência com Vergonha, esteja a causar impacte
nos Estados Unidos. A violência psicológica alcançada aqui faz o gore
fanfarrão de Tarantino (Django Libertado) parecer uma brincadeira. - See
more at:
http://www.c7nema.net/critica/item/40803-12-years-a-slave-12-anos-escravo-por-roni-nunes.html#sthash.Vesxgmrt.dpuf
Nunca
a escravatura terá sido objeto de um esforço tão metódico em reproduzir
com tamanha secura a sua brutalidade intrínseca. Sob esse prisma, não
admira que esta obra de Steve McQueen, que já se havia dedicado a um
processo intimista de decadência com Vergonha, esteja a causar impacte
nos Estados Unidos. A violência psicológica alcançada aqui faz o gore
fanfarrão de Tarantino (Django Libertado) parecer uma brincadeira. - See
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a escravatura terá sido objeto de um esforço tão metódico em reproduzir
com tamanha secura a sua brutalidade intrínseca. Sob esse prisma, não
admira que esta obra de Steve McQueen, que já se havia dedicado a um
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nos Estados Unidos. A violência psicológica alcançada aqui faz o gore
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a escravatura terá sido objeto de um esforço tão metódico em reproduzir
com tamanha secura a sua brutalidade intrínseca. Sob esse prisma, não
admira que esta obra de Steve McQueen, que já se havia dedicado a um
processo intimista de decadência com Vergonha, esteja a causar impacte
nos Estados Unidos. A violência psicológica alcançada aqui faz o gore
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Nunca
a escravatura terá sido objeto de um esforço tão metódico em reproduzir
com tamanha secura a sua brutalidade intrínseca. Sob esse prisma, não
admira que esta obra de Steve McQueen, que já se havia dedicado a um
processo intimista de decadência com Vergonha, esteja a causar impacte
nos Estados Unidos. A violência psicológica alcançada aqui faz o gore
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quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
Palavras à solta
Solto
palavras...
Como
borboletas estonteantes
voam à minha
volta
nuas, numa
dança circular.
Eu
estendo-lhes a mão,
acaricio -
as com ternura.
Levemente
vêm pousar
na minha
folha de papel e então
a magia
acontece: ganham cor,
ficam
arranjadas e mais belas
de tanto
olhar para elas.
Não, não é
magia, é poesia
Que sai do
coração e salta
para a minha
mão.
D.C.
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