sábado, 30 de novembro de 2013

Os poetas "No silêncio louco das mães" Herberto Helder


 "No sorriso louco das mães batem as leves gotas de chuva.
 Nas amadas caras loucas batem e batem os dedos amarelos das candeias.
 Que balouçam. Que são puras.
Gotas e candeias puras.
 E as mães aproximam-se soprando os dedos frios."
 As mães cedem os corpos, que agem comandados pelo afeto
. E em silêncio elas "são". Unas.
 "Sentam-se, e estão ali num silêncio demorado e apressado, vendo tudo, e queimando as imagens, alimentando as imagens, enquanto o amor é cada vez mais forte."
 O Amor as acompanha desde as entranhas que abrigaram os filhos.Torna-as lindas.
 Com suavidade ou furor, sempre ternamente.
 O amor das mães é visceral. "E bate-lhes nas caras, o amor leve.
 O amor feroz. E as mães são cada vez mais belas.
 Pensam os filhos que elas levitam.
Flores violentas batem nas suas pálpebras.
 Elas respiram ao alto e em baixo. São silenciosas. E a sua cara está no meio das gotas particulares da chuva, em volta das candeias.
 No contínuo escorrer dos filhos." As mães são criaturas que os filhos geram.
 "As mães são as mais altas coisas que os filhos criam, porque se colocam na combustão dos filhos, porque os filhos estão como invasores dentes-de-leão no terreno das mães."
 As mães foram criadas por doação. E para doação.
 Um colo interminável, um tesouro que atravessa intempéries e oceanos oferecendo-se aos filhos.
  Herberto Helder

Rodrigo Leão

No silêncio, os amigos que temos guardados no cantinho do nosso coração são a nossa companhia. DC

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Hope Is The Thing With Feathers by Emily Dickinson

In this poem, Dickinson uses a Metaphor, the bird, as a symbol for hope

 

Hope is the thing with feathers
That perches in the soul,
And sings the tune--without the words,
And never stops at all,

And sweetest in the gale is heard;
And sore must be the storm
That could abash the little bird
That kept so many warm.

I've heard it in the chillest land,
And on the strangest sea;
Yet, never, in extremity,
It asked a crumb of me.


sábado, 23 de novembro de 2013

De novo a escrever...

Está hoje um dia de vento
E eu gosto do vento
a mordiscar-me o rosto
a dar-me palmadinhas nas costas
a fazer-me cócegas!
Está hoje um dia de vento
E eu gosto do vento
porque me faz rir!
DC

VER CLARO


Toda a poesia é luminosa, até
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar
outra vez e outra vez
e outra vez
a essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.

EUGÉNIO DE ANDRADE