quinta-feira, 29 de julho de 2010

Vidas...

Seres prostrados e ainda a lutar contra a doença que os surpreendeu e os arremessou para a cama de um hospital, permanecem de olhar ausente, rendidos aos avanços da tecnologia que os prende à vida.

Cenário triste, ver terminar lentamente uma vida longa, com tantas histórias contadas e ainda outras tantas por contar. Olhando aquele ser frágil, apraz-me prestar-lhe homenagem pela grandiosidade de carácter que a norteou ao longo da vida.

Um modelo familiar a seguir, pois não esqueçamos que , como diz o nosso papa: “ A vida é como uma viagem no mar da história, com frequência enevoada e tempestuosa, uma viagem na qual perscrutamos os astros que nos indicam a rota. As verdadeiras estrelas da nossa vida são as pessoas que souberam viver com rectidão. Elas são luzes de esperança.
(
Bento XVI, Spes Salvi)

terça-feira, 27 de julho de 2010

Biblioteca 'Alma Mater' da Universidade de Coimbra disponível Online

A Universidade de Coimbra (UC) colocou online a biblioteca digital de fundo antigo "Alma Mater", que integra um vasto acervo de obras representativas do espólio existente nas diversas bibliotecas da UC e inclui o repositório temático "República Digital".
Segundo o comunicado da UC, a "Alma Mater" integra-se numa estratégia de desenvolvimento e modernização da UC, constituída em torno da digitalização, conservação e difusão de documentação e informação disponível na rede de bibliotecas da Universidade, incluindo livros antigos, manuscritos, cartas, fotografias e desenhos, mas também parte dos espólios de autores formados pela UC, como Almeida Garrett, Félix Avelar Brotero ou Júlio Henriques, bem como de outros que passaram por Coimbra ou lá deixaram a sua produção intelectual.

domingo, 25 de julho de 2010

Os Retornados

Outubro, 1975. Quando o avião levantou voo deixando para trás a baía de Luanda, Carlos Jorge tentou a todo o custo controlar a emoção. Em Angola, deixava um pedaço de terra e de vida. Acompanhado pela mulher e filhos, partia rumo ao desconhecido. A uma pátria que não era a sua. Joana não ficou indiferente ao drama dos passageiros que sobrelotavam o voo 233. O mais difícil da sua carreira como hospedeira. No meio de tanta tristeza, Joana não conseguia esquecer o olhar firme e decidido de Carlos Jorge. Não percebia porquê, mas aquele homem perturbava-a profundamente. Despertava-a para a dura realidade da descolonização portuguesa e para um novo sentimento que só viria a ser desvendado vinte anos mais tarde. Foram milhares os portugueses que entre 1974 e 1975 fizeram a maior ponte área de que há memória em Portugal. Em Angola, a luta pelo poder dos movimentos independentistas espalhou o terror e a morte por um país outrora considerado a jóia do império português. Naquela espiral de violência, não havia outra solução senão abandonar tudo: emprego, casa, terras, fábricas e amigos de uma vida.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A melodia do silêncio.

Quero sentir a melodia do silêncio. No horizonte, quase a roçar as nuvens, vislumbro um bando de andorinhas apressadas, anunciando a chegada da noite. Parecem perdidas, esvoaçando estonteadas, numa azáfama, à procura do abrigo.

Neste silêncio que me envolve, ouço rasgos de um chilrear sussurrante, abafado pelo bater de asas, como orquestra ensaiando os primeiros acordes. O bando de andorinhas, em gratidão à mãe- natureza, despede-se do dia, voando numa dança circular.

Continuo de olhar fixo no firmamento, porque sinto que a beleza natural é inesgotável. Deixo-me enfeitiçar pelo silêncio do entardecer e permaneço contemplativa… Lá no alto, um brilho minúsculo cintila intermitente: é a estrela da tarde que me saúda.Com o cair da noite, outras estrelas se vislumbram e o céu adquire um brilho reluzente. O silêncio é entrecortado pelo piar de uma coruja e pelas sombras de morcegos que procuram o sustento na escuridão. A lua aparece, grandiosa, iluminando o céu e a terra.

Envolvida por esta paz mística, sinto a melodia do silêncio, nesta noite escura e quente.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

"Coimbra não sabe para onde vai - e por isso não vai a lado nenhum"

Tem duas companhias de teatro profissionais, um realizador de cinema instalado num ovni, um antigo salão de jogos que agora é restaurante-bar-sala-de-concertos-e-tudo-o-mais-que-vier, músicos que levaram longe o nome da cidade. E, no entanto, não está no mapa cultural do país. Afinal, o que é que Coimbra não tem?

terça-feira, 20 de julho de 2010

Ajudar o próximo!


Curioso como a onda de solidariedade se tornou gigante, quando a desgraça atingiu o nosso vizinho indefeso. Empenhados em suavizar a dor de quem sofreu o imprevisto do infortúnio, a vontade de ajudar nasceu em cada ser, porque sentiu como sua, a emoção do outro.

Viver em comunidade é ajudar prontamente nas horas difíceis, é reconfortar e fazer magia, transformar os braços em varinhas de condão, trabalhar com os dedos das mãos como os 10 Anõezinhos da Tia Verde Água, mover a vassoura com a agilidade e persistência da Branca de Neve e desenvolver em equipa, o precioso trabalho dos Sete Anões.

As histórias infantis são belas e misteriosas e dão-nos grandes lições para enfrentar e vencer as adversidades.

É um grande espectáculo ver um homem esforçado lutar contra a adversidade; mas há um ainda maior: ver outro homem correr em sua ajuda.
(Oliver Goldsmith)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Sentir a liberdade!

Ninguém se sente verdadeiramente livre, quando sobre si paira o olhar do outro, que constrange e provoca inquietude. Vivemos numa sociedade repleta de estereótipos (de) formados. Desde o berço fazemos birras pela liberdade e crescemos sem a conhecer verdadeiramente, porque nos ensinam a respeitar e aceitar pacientemente.

Fomos educados para adoptarmos comportamentos socialmente correctos, quando tantas vezes nos apetecia dizer disparates; calar, quando temos vontade de gritar; sorrir, para não desesperar, faltar, para não ter de enfrentar…

Neste cenário da vida, vivemos aprisionados como passarinhos engaiolados sob a copa de uma árvore frondosa. Neste habitat artificial, vamos protestando, chorando, rindo e cantando que um dia seremos livres… de voar! Pura ilusão? Ou talvez não! Nesta caminhada errante, vamos recriando, para nos iludirmos, pequenos momentos de liberdade que nos dão algum alento.

Alguns de nós vivem na angústia permanente da falta de liberdade, vivem formatados, sem direito à individualidade, mas sabem que não estão sós! É preciso não esquecer que, apesar do leito do rio ser sinuoso, chega ao mar!

Não Há Lugar para Divorciadas

Francisco Moita Flores usa de um humor corrosivo para escrever sobre política internacional, maridos infiéis, assessores de imprensa e outras figuras que tais. Projecta um futuro delirante, em que um porta-aviões chamado George Bush II estaria estacionado no Cais do Sodré, à espera de ordens superiores para atacar. Um livro delicioso com o condão de despertar consciências para o futuro que se avizinha. Delicioso.

Francisco Moita Flores tem vindo a granjear sucesso em várias adaptações para séries televisivas. Neste seu livro de cariz policial detectivesco transporta-nos para Portugal daqui a trinta anos (que é quase igual ao de hoje ou de ontem) , num registo divertido e de quem bem conhece o espírito luso, com ministros e burlões, atentados, televisões, figuras, figurões, "femmes-fatales" e prostitutas. Só "não há lugar para divorciadas". Descubra você mesmo/a como e porquê.

sábado, 17 de julho de 2010

De novo juntos…

Reencontrar alguém que partilhou connosco um tempo da nossa vida, tem um efeito terapêutico enorme. Permite-nos fazer uma breve paragem no tempo e reflectir que a grandeza do SER HUMANO não é mensurável, aprecia-se e comunga-se nos pequenos momentos.

Os caminhos da vida são trilhados por caminhantes que por vezes caminham solitários. Há outros, que têm o privilégio de ter companheiros: caminheiros que os acompanham na viagem, vão traçando diferentes perspectivas de viver e conviver, transmitindo ideologias, pontos de vista, gostos, preferências, atitudes, sentimentos. Juntos avançam em segurança e sabem que um porto de abrigo os aguarda. Este local de paragem, sempre diferente, permite-lhes fazer o contraponto entre o passado e o presente e comungar das vivências construtivas, vividas com outros caminhantes de percurso, num crescendo de sabedoria partilhada.

Eu, caminhante me confesso aos outros caminheiros, que comigo caminharam e continuam a caminhar: grata pela confiança, pelo carinho e compreensão, pois como diz o nosso poeta: “O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis” Fernando Pessoa.