sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O Sino


Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho,
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.

Fernando Pessoa

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo


Feliz Ano Novo… com saúde

E com passas e vinho à mistura.

Libertos, novos e velhos

Inventam um mundo sem tortura,

Zaragatas e males maiores.

As crianças gritam, divertem-se

No carrossel mágico que gira…gira…

Ouvem os sinos que anunciam a chegada

do Ano Novo!

São os mensageiros do tempo,

E fazem o mundo girar!

DC

sábado, 11 de dezembro de 2010

Canção

clica na imagem
Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...


Cecília Meireles, in 'Viagem'

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Imagine (John Lennon)

Imagine there's no Heaven
It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today

Imagine there's no countries

It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace


You may say that I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will be as one

Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world

You may say that I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will live as one

Yoko Ono - John Lennon 70th Birthday Message

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A propósio de...

«Que são para mim as doenças que tenho e o mal que me acontece
Senão o Inverno da minha pessoa e da minha vida?» …
aqui fica um texto em jeito de reflexão:

Há frases tão profundas, que nos tocam a alma e nos remetem para a reflexão sobre a essência da vida: uma dualidade de sentidos entre o prazer e a dor. A vida é a busca incessante do prazer, e a tentativa falhada para erradicar a dor. E, quando esta teimosamente prevalece, reina a angústia e o abandono. E poucos são, os que a encaram com resignação, e acreditam que a dor é o Inverno da nossa vida, tal como o poeta nos faz crer! Ah grandes poetas, aqueles que na dor, ainda buscam força para consolar os outros!

Pensemos que a dor faz parte da nossa existência. Dar à luz, pressupõe sentir dor e prazer de fazer nascer; ver os que nos rodeiam felizes, implica tantas vezes a privação do prazer!; comungar a dor diariamente e ser capaz de dar alento àqueles que não sabem suportá-la, é ser grande!

Deseja-se que o Inverno passe e anseia-se pela Primavera, a estação das cores, dos perfumes, da luz, dos sons, das brisas mornas! “A Primavera da vida” é o renascer, o lado mais belo da existência, o fascínio e o deslumbramento, o êxtase! É o equilíbrio da vida!

DC

sábado, 27 de novembro de 2010

Quando Está Frio no Tempo do Frio


Quando está frio no tempo do frio, para mim é como se estivesse agradável,

Porque para o meu ser adequado à existência das cousas
O natural é o agradável só por ser natural.

Aceito as dificuldades da vida porque são o destino,
Como aceito o frio excessivo no alto do Inverno
Calmamente, sem me queixar, como quem meramente aceita,
E encontra uma alegria no fato de aceitar
No fato sublimemente científico e difícil de aceitar o natural inevitável.

Que são para mim as doenças que tenho e o mal que me acontece
Senão o Inverno da minha pessoa e da minha vida?
O Inverno irregular, cujas leis de aparecimento desconheço,
Mas que existe para mim em virtude da mesma fatalidade sublime,
Da mesma inevitável exterioridade a mim,
Que o calor da terra no alto do Verão
E o frio da terra no cimo do Inverno.

Aceito por personalidade.
Nasci sujeito como os outros a erros e a defeitos,
Mas nunca ao erro de querer compreender demais,
Nunca ao erro de querer compreender só corri a inteligência,
Nunca ao defeito de exigir do Mundo
Que fosse qualquer cousa que não fosse o Mundo.

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Fecha os olhos... e sente...

… o som que te consola a alma

… o cheiro que te perfuma o corpo

… o vento que te envolve num turbilhão,

te confunde e te solta a emoção!

Fecha os olhos e sente…

… a brisa que suavemente te vem acariciar

e te traz o calor do dia, para te alegrar!

Fecha os olhos e sente…

… a gélida escuridão que te faz pensar

no aconchego do lar …

que te inspira, te povoa a mente…

e que não te mente!

Fecha os olhos... e sente! ..............................................DC

Friends forever

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Como posso ensinar…

Como posso ensinar…
Meus alunos a pensar e até a sonhar!
Em grelhas e gráficos sempre a mergulhar
E mais papéis que estão sempre a inventar!

Basta de farsa, basta de fantasia
Enfrentar a realidade e acabar com a
Demagogia!

Posso ensinar …
A minha arte de amar
Com meus alunos mergulhar no sonho,
Partir de viagem e voltar…

Deixar a solidão, o tédio e a desilusão
Pincelar-lhes a vida com cor e alegria
E muita imaginação!

Posso ensinar-lhes que a vida…
É uma viagem alucinante!
A vida é como as fases da lua:
Vida crescente, Vida nova, Vida cheia e…
minguante!
DC

domingo, 14 de novembro de 2010

Raindrops Keep Falling On My Head B.J. Thomas


Raindrops Keep Falling On My Head
Raindrops keep falling on my head
And just like the guy
Whose feet are too big for his bed
Nothing seems to fit
Those raindrops keep falling on my head
They keep falling

So I just did me some talking to the sun
And I said I didn't like
The way he got things done:
Sleeping on the job
Those raindrops keep falling on my head
They keep falling

But there's one thing, I know,
The blues they sent to meet me
Won't defeat me;
It won't be long
Till happiness steps up to greet me

Raindrops keep falling on my head,
But that doesn't mean
My eyes will soon be turning red
Crying's not for me
Cause I'm never gonna stop the rain
By complaining
Because I'm free,
Nothing's worrying me!
It won't be long,
Till happiness steps up to greet me.

sábado, 6 de novembro de 2010

As nuvens

As nuvens, preguiçosas, passeiam-se pelo céu

O vento, malicioso, não pára de soprar

Elas agigantam-se, mudam de cor e

Com ar ameaçador, vestem-se de negro

Até caírem num ataque de choro!


A Terra, apanhada de surpresa,

Sorri -lhes agradecida,

É que, julgava-se esquecida

E sentia-se tão ressequida!


O sol, lá no alto, invejoso,

Decide reinar…

Estende um raio luminoso

Depois outro e outro…

E a Terra, já fresca,

Cintila num brilho radioso!


E as nuvens, rendidas ao vento e ao sol

Desaparecem, lentamente!

DC