sábado, 25 de junho de 2011

As letras

Que pincelam as folhas brancas

São às vezes sombras atormentadas

Descoradas e tímidas

Outras vezes coloridas, encantadas

Como imagens projectadas

de um caleidoscópio.

As tormentas e os encantos

São dualidades opostas

Que transformam a vida numa dualidade de duetos

Imprevisibilidades surpreendentes

Para quem procura a estabilidade na vida!

"Na vida, nada se resolve, tudo continua. Permanecemos na incerteza; e chegaremos ao fim sem sabermos com o que podemos contar." André Gide

DC

sexta-feira, 17 de junho de 2011

"Há dentro de nós alguma coisa que nos induz a esquecer o ódio e os aspectos desagradáveis da vida".
Charles Chaplin (1889-1977), ator e cineasta inglês.

O cansaço profissional e físico, desgasta e corrói. Nós somos como uma árvore que cresce frondosa, dá flores e frutos, abriga e depois vai ficando carcomida e torna-se frágil. É este o ciclo da vida!
Por vezes, sentimo-nos quase esmagados debaixo da imensa abóbada celeste.
Sensação idêntica deverão sentir os espeleólogos que desventram o interior da terra. Eles deslizam cautelosamente através de fendas, comprimindo o seu corpo ágil rumo ao desconhecido, seguindo percursos sinuosos. Estes aventureiros têm o privilégio de sentir o silêncio das profundezas da terra, ouvir o eco da sua voz, apreciar o brotar de uma nascente de água, acompanhar o seu curso sinuoso para o exterior, escutar o esvoaçar aflito dos morcegos, cheirar os odores do barro húmido, sentir o pulsar do seu coração, entre outras sensações...
Quantas vezes gostaríamos de ser espeleólogos, por uns temposssssss!!!
DC

sexta-feira, 10 de junho de 2011

OS VENCIDOS DA VIDA

Os Vencidos ofereceram o mais alto exemplo moral e social de que se pode orgulhar este país.

Vale a pena ler...

- E Os Vencidos da Vida, como foi que surgiu a ideia de formar o grupo?

- Uma vez, a uma mesa do restaurante Tavares, reunimo-nos alguns amigos: o conde de Ficalho, o Ramalho Ortigão, o Oliveira Martins, o António Cândido, o Carlos Lobo de Ávila e eu. Lembrámo-nos de criar uma sociedade, como muitas que havia já noutros países da Europa. Um lugar onde pudéssemos conversar, debater problemas intelectuais ... enquanto se comia. O Ramalho foi quem lançou a ideia e Oliveira Martins quem sugeriu o título, inspirado num comentário de La vie à Paris, de Jules Claretie sobre os grupos jantantes que aqui existiam. Dizia Claretie que esses jantares eram reuniões em que se encontravam os intelectuais «attristés souvent, bien changés, les uns glorieux, les autres battus de la vie». E Oliveira Martins disse: «Battus de la vie! Eis o que nós somos também - Vencidos da Vida. Propusemo-nos dar ao país «Vida Nova» e somos afinal de contas uns Vencidos da Vida». E o nome pegou. O grupo inicial cresceu. Uma noite bonita, calma, quase de luar, em vinte e seis de Março de 1889, na sala grande do Hotel Bragança todos nos reunimos. Todos excepto Guerra Junqueiro que não pudera chegar a tempo de Viana do Castelo. A meio do jantar chegou-nos um telegrama do Junqueiro, onde em versos de um grande talento e espírito nos saudava. A partir daí passou a haver um jantar semanal. Quando vou a Lisboa não falto.

- Que importância têm os Vencidos da Vida para a sociedade portuguesa? Há até quem vos aponte ambições políticas, que vai haver um governo vencidista...

- Tretas, meu amigo. Os Vencidos ofereceram o mais alto exemplo moral e social de que se pode orgulhar este país. Onze sujeitos que, desde há seis anos, formaram um grupo, sem nunca terem partido a cara uns aos outros; sem se dividirem em grupos de direita e de esquerda; sem terem nomeado entre si um presidente e um secretário perpétuo; sem arranjarem estatutos aprovados no Governo Civil; sem emitirem acções; sem possuírem hino nem bandeira bordada por um grupo de senhoras 'tão anónimas quanto dedicadas'; sem serem elogiados no Diário de Notícias, estes homens constituem uma tal maravilha social que certamente, para o futuro, na ordem das coisas morais se falará dos onze do Bragança como na ordem das coisas heróicas se fala nos onze de Inglaterra.

in http://www.vidaslusofonas.pt/eca_de_queiros.htm

sábado, 4 de junho de 2011

Para reflectir...

Portugal está a atravessar a pior crise. Que fazer? Que esperar?
Portugal tem atravessado crises igualmente más: - mas nelas nunca nos faltaram nem homens de valor e carácter, nem dinheiro ou crédito. Hoje crédito não temos, dinheiro também não - pelo menos o Estado não tem: - e homens não os há, ou os raros que há são postos na sombra pela política. De sorte que esta crise me parece a pior - e sem cura.

Eça de Queirós, in 'Correspondência (1891)'

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Leonard Cohen, premiado pela união entre "poesia e música"




Nascido em Montreal a 21 de Setembro de 1934, Leonard Cohen é autor de músicas que versam sobre amor, espiritualidade, religião, numa toada de melancolia, cinismo e provocação.
Considerado um dos mais importantes nomes da música popular do século XX, Leonard Norman Cohen viu agora reconhecido o trabalho enquanto poeta e romancista, muito para lá da composição musical.
O músico e poeta, licenciado em Literatura e admirador de Federico García Lorca, era um dos três finalistas do galardão espanhol, ao lado da escritora canadina Alice Munro e do romancista inglês Ian McEwan.

O júri espanhol afirmou em Oviedo que "A passagem do tempo, as relações amorosas, a tradição mística do Oriente e do Ocidente e a narração da vida como uma balada sem fim integram uma obra que está ligada a um momento decisivo de mudança" do século XX para o XXI.