Assim como do fundo da música
brota uma nota
que enquanto vibra cresce e se adelgaça
até que noutra música emudece,
brota do fundo do silêncio
outro silêncio, aguda torre, espada,
e sobe e cresce e nos suspende
e enquanto sobe caem
recordações, esperanças,
as pequenas mentiras e as grandes,
e queremos gritar e na garganta
o grito se desvanece:
desembocamos no silêncio
onde os silêncios emudecem.
Octavio Paz, in "Liberdade sob Palavra"
sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
domingo, 22 de dezembro de 2013
domingo, 15 de dezembro de 2013
Um olhar
sábado, 30 de novembro de 2013
Os poetas "No silêncio louco das mães" Herberto Helder
"No sorriso louco das mães batem as leves gotas de chuva.
Nas amadas caras loucas batem e batem os dedos amarelos das candeias.
Que balouçam. Que são puras.
Gotas e candeias puras.
E as mães aproximam-se soprando os dedos frios."
As mães cedem os corpos, que agem comandados pelo afeto
. E em silêncio elas "são". Unas.
"Sentam-se, e estão ali num silêncio demorado e apressado, vendo tudo, e queimando as imagens, alimentando as imagens, enquanto o amor é cada vez mais forte."
O Amor as acompanha desde as entranhas que abrigaram os filhos.Torna-as lindas.
Com suavidade ou furor, sempre ternamente.
O amor das mães é visceral. "E bate-lhes nas caras, o amor leve.
O amor feroz. E as mães são cada vez mais belas.
Pensam os filhos que elas levitam.
Flores violentas batem nas suas pálpebras.
Elas respiram ao alto e em baixo. São silenciosas. E a sua cara está no meio das gotas particulares da chuva, em volta das candeias.
No contínuo escorrer dos filhos." As mães são criaturas que os filhos geram.
"As mães são as mais altas coisas que os filhos criam, porque se colocam na combustão dos filhos, porque os filhos estão como invasores dentes-de-leão no terreno das mães."
As mães foram criadas por doação. E para doação.
Um colo interminável, um tesouro que atravessa intempéries e oceanos oferecendo-se aos filhos.
Herberto Helder
Rodrigo Leão
No silêncio, os amigos que temos guardados no cantinho do nosso coração são a nossa companhia. DC
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
Hope Is The Thing With Feathers by Emily Dickinson
In this poem, Dickinson uses a Metaphor, the bird, as a symbol for hope
Hope is the thing with feathers
That perches in the soul,
And sings the tune--without the words,
And never stops at all,
And sweetest in the gale is heard;
And sore must be the storm
That could abash the little bird
That kept so many warm.
I've heard it in the chillest land,
And on the strangest sea;
Yet, never, in extremity,
It asked a crumb of me.
domingo, 24 de novembro de 2013
sábado, 23 de novembro de 2013
De novo a escrever...
VER CLARO
Toda a poesia é luminosa, até
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar
outra vez e outra vez
e outra vez
a essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.
EUGÉNIO DE ANDRADE
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
sábado, 2 de novembro de 2013
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
VIVE
Vive, dizes, no presente,
Vive só no presente.
Mas eu não quero o presente, quero a realidade;
Quero as cousas que existem, não o tempo que as mede.
O que é o presente?
É uma cousa relativa ao passado e ao futuro.
É uma cousa que existe em virtude de outras cousas existirem.
Eu quero só a realidade, as cousas sem presente.
Não quero incluir o tempo no meu esquema.
Não quero pensar nas cousas como presentes; quero pensar nelas
como cousas.
Não quero separá-las de si-próprias, tratando-as por presentes.
Eu nem por reais as devia tratar.
Eu não as devia tratar por nada.
Eu devia vê-las, apenas vê-las;
Vê-las até não poder pensar nelas,
Vê-las sem tempo, nem espaço,
Ver podendo dispensar tudo menos o que se vê.
É esta a ciência de ver, que não é nenhuma.
Alberto Caeiro
Vive só no presente.
Mas eu não quero o presente, quero a realidade;
Quero as cousas que existem, não o tempo que as mede.
O que é o presente?
É uma cousa relativa ao passado e ao futuro.
É uma cousa que existe em virtude de outras cousas existirem.
Eu quero só a realidade, as cousas sem presente.
Não quero incluir o tempo no meu esquema.
Não quero pensar nas cousas como presentes; quero pensar nelas
como cousas.
Não quero separá-las de si-próprias, tratando-as por presentes.
Eu nem por reais as devia tratar.
Eu não as devia tratar por nada.
Eu devia vê-las, apenas vê-las;
Vê-las até não poder pensar nelas,
Vê-las sem tempo, nem espaço,
Ver podendo dispensar tudo menos o que se vê.
É esta a ciência de ver, que não é nenhuma.
Alberto Caeiro
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
sábado, 10 de agosto de 2013
Sugestão de leitura
Rosa Brava é um romance baseado na investigação histórica que, por entre intrigas palacianas, traições, assassínios e guerras com Castela, reinventa, numa linguagem cativante, um dos personagens mais fascinantes da História de Portugal: Leonor Teles.
Críticas de imprensa
"Romance fervilhante de amores proibidos e intrigas palacianas, baseado numa rigorosa investigação histórica."
Expresso
segunda-feira, 29 de julho de 2013
domingo, 28 de julho de 2013
Soneto do amigo,Vinícius de Moraes
Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...
sexta-feira, 26 de julho de 2013
5º Encontro de Amigos 24-08-2013
Eis parte da letra de um dos fados de Coimbra "Coimbra tem mais encanto... na hora da despedida..."
Um hino aos tempos de estudante. A alegria de um curso terminado e a saudade de tempos idos...
Movidos pela força da amizade e para "matar" saudades do tempo, um grupo de amigos reuniu-se nas margens do Mondego. Entre conversas e risos, bafejados pela frescura das águas e pela brisa do entardecer, brindes à amizade que se fortalece a cada ano que passa, escreveu-se mais uma página no livro das suas vidas.
Um hino aos tempos de estudante. A alegria de um curso terminado e a saudade de tempos idos...
Movidos pela força da amizade e para "matar" saudades do tempo, um grupo de amigos reuniu-se nas margens do Mondego. Entre conversas e risos, bafejados pela frescura das águas e pela brisa do entardecer, brindes à amizade que se fortalece a cada ano que passa, escreveu-se mais uma página no livro das suas vidas.
DC
terça-feira, 16 de julho de 2013
quarta-feira, 10 de julho de 2013
Sugestões de leitura
O verdadeiro analfabeto é aquele que aprendeu a ler e não lê.
Mário Quintana.
Mário Quintana.
Depois de ler...
Ler...
sábado, 6 de julho de 2013
Sonho de verão
Há sonhos coloridos, quentes e frios
E há sonhar acordada,
Ou sonhar com uma noite estrelada
e um passeio à beira mar…
Mas o meu sonho de
menina
perdura no tempo…
É um querer adiar um prazer
e ter sempre presente um objetivo de meninice
ainda por
concretizar:
acordar, correr para
a praia
e procurar a minha estrela do mar.
Ai como eu gostaria de a encontrar
para a olhar,
contar-lhe as minhas histórias
e talvez até tocar-lhe!
Porque me encanta a delicadeza dos seus tentáculos,
A sua cor, a leveza dos seus movimentos
nas profundezas do mar…
Fascina-me poder estender-se
sobre a brancura da areia ou roçar a dureza das rochas,
poder entrar nas grutas misteriosas e aí ficar
a escutar o murmúrio das ondas na praia
ou sentir o silêncio do fundo do mar!
DC
sexta-feira, 5 de julho de 2013
Água, vida a pulsar!
Nascente na Serra da Estrela |
Água que brotas
da rocha,
fresca, pura e
cristalina.
Tu és vida no meu planeta
e o teu pulsar me fascina!
De regato recatado no cantinho da rocha,
tornas -te ribeiro
e desces de mansinho
a encosta.
A viagem alonga-se …
Outros regatos engrossam o teu caudal e
a descida torna-se sinuosa…
Aparecem os desfiladeiros e as cascatas
e adrenalina torna-se perigosa!
Numa corrida
desenfreada, desces a montanha
e chegas ao vale, numa revolta!
Finalmente, na extensa planície
deslizas lentamente em direção ao mar,
que te aguarda, desejoso
por te abraçar!
segunda-feira, 24 de junho de 2013
domingo, 23 de junho de 2013
Vai alta no céu
Vai alta no céu a
lua da Primavera.
Penso em ti e
dentro de mim estou completo.
Corre pelos vagos
campos até mim uma brisa ligeira.
Penso em ti,
murmuro o teu nome; e não sou eu: sou feliz.
Amanhã virás,
andarás comigo a colher flores pelo campo,
E eu andarei
contigo pelos campos ver-te colher flores.
Eu já te vejo
amanhã a colher flores comigo pelos campos,
Pois quando vieres
amanhã e andares comigo no campo a colher flores,
Isso será uma
alegria e uma verdade para mim.
Alberto Caeiro
(in O Pastor Amoroso)
sexta-feira, 21 de junho de 2013
terça-feira, 18 de junho de 2013
segunda-feira, 17 de junho de 2013
As minhas leituras
Estou a aprender a gostar de ler Saramago. Nestas memórias transparece uma clareza genuína de um percurso de vida.
"A nossa infância explica muito o que nós somos, e por isso talvez as minhas Pequenas memórias interessem àquelas pessoas que querem saber melhor quem eu sou, donde saí, quais são as minhas raízes", conclui Saramago.
"Deixa-te levar pela criança que foste" José Saramago
"A nossa infância explica muito o que nós somos, e por isso talvez as minhas Pequenas memórias interessem àquelas pessoas que querem saber melhor quem eu sou, donde saí, quais são as minhas raízes", conclui Saramago.
"Deixa-te levar pela criança que foste" José Saramago
terça-feira, 11 de junho de 2013
sexta-feira, 7 de junho de 2013
Crónicas e estórias de Alice Vieira
As
crónicas escritas ao sabor dos dias têm a particularidade de serem mais
sinceras do que as confissões preparadas de antemão. Alice Vieira
comprova essa grande verdade
quinta-feira, 30 de maio de 2013
Melancolia
Solta-se uma lágrima súbita,
mas tão
pro
fun
da !
sinto o coração que bate sem fim
sinto o coração que bate sem fim
e pulsa
de saudade e tristeza
in
ten
sa !
Voa
triste saudade p'ra bem longe de mim
Deixa que a alegria se apodere de novo
deste coração
deste coração
lou
co!
DC
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