domingo, 28 de fevereiro de 2010

António Vilhena - Diálogos de Rosa e Espada

Esta obra é constituída por um conjunto de 23 crónicas e/ou textos poéticos que se apresentam como retratos do quotidiano, onde as emoções são a matéria-prima.
A matriz psicológica dos textos aqui reunidos tem como referencial topográfico e cultural a sociologia alentejana. Neste quadro, o "corpus" do livro insinua-se num diálogo perante o existencialismo no dealbar da sociedade contemporânea, indo beber à inquietação cultural de um “Alentejo profundo”, com reflexos na diáspora criativa do País.
Ao assumir a feição de crónica,cada texto de António Vilhena, privilegia a sugestão dos ambientes e a visão humanizada da realidade, mas também dá vez à polémica e à denúncia, na certeza de que “um homem livre não pensa na morte, enaltece a própria vida, oferece flores”.

António Vilhena nasceu em Beja, a 14 de Outubro de 1960. Licenciou-se em Psicologia na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação na Universidade de Coimbra (UC). Quis frequentar uma segunda licenciatura: Línguas e Literaturas Clássicas na Faculdade de Letras na UC. Exerce a sua actividade profissional na Escola Universitária das Artes de Coimbra. É autor dos livros "Do Ventre da Terra" (1987), "Trança d’Água" (1989), "A Eterna Paixão de Nunca Estar Contente" (1991), "Mais Felizes Que o Sonho" (1996) "O Piano Adormecido "e "Diálogos de Rosa e Espada", conjunto de crónicas editado em Setembro de 2004, pela Mar da Palavra.

O Homem, o destruidor da Terra

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A Terra está a ser destruída pela mão do homem: intempéries sucessivas, cada vez mais frequentes, sem retrocesso possível, vêm, pela calada da noite ou ao romper da aurora, castigar a humanidade.

A Natureza não se compadecerá, jamais, do ser humano porque este não se tem privado de a explorar, destruindo-a ao longo de gerações, consumindo, lentamente, e com grande regozijo, os presentes, generosamente, oferecidos por ela. E, de repente, movido pelo consumismo desenfreado, tornou-se ávido, ficou cego e um sugador sem pudor.

O Homem tem-se comportado como um animal selvagem que, no seu habitat natural, devora o seu troféu de caça perante o olhar atento da deusa.

E esta não perdoará, jamais, a sua sofreguidão e castigá-lo-á para preservar o território que é seu e que, diligentemente, cedeu ao predador.

E sobre a Terra ouvir-se-ão gritos e lágrimas de dor e revolta, perante uma Natureza cega, surda e insensível que continuará, implacável, o seu ciclo de destruição do planeta e erradicação definitiva do Homem.

Completar-se-á o ciclo de permanência dos Humanos na Terra.

DC

sábado, 27 de fevereiro de 2010

À volta da escrita

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Aos 15 anos, Ana Rita Pereira já publicou dois livros e prepara-se para lançar um terceiro. A jovem estudante da Escola Secundária de Anadia gosta de escrever. Por isso, aos 13 anos, foi desafiada pela professora de português de então a, “pelo menos, imprimir a história e oferecer à família”.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Abril 2008 - Biosfera/RTP2

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Em 2008 o programa Biosfera, da RTP2, já havia alertado - tendo como base a opinião de vários especialistas - para a vulnerabilidade da ilha da Madeira relativamente a cheias e enxurradas.
A reportagem, transmitido em Abril daquele ano, alerta para a construção na Madeira ao longo de cursos de água, sobre leitos de ribeiras e também para o perigo de canalização das mesmas, bem como para a inexistência de cartas de risco na maioria dos municípios da ilha.
O alerta sublinhava as consequências para o ambiente e para a segurança de pessoas e bens.
Fonte: DN

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Os Dias

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Os dias passam a correr!

É a azáfama da vida - Ouvimos dizer!

Sempre numa corrida constante e galopante,

esquecemos que há gente que sente

e que caminha cegamente

em busca de ideais, de sonhos

ou carinhos, simplesmente.


Saltamos barreiras, dobramos cabos à procura

do desconhecido, regamos, com lágrimas a dor,

damos luz ao mundo, através de sorrisos gratuitos.

Fascinados ou angustiados pela vida, continuamos

participantes activos na corrida contra o tempo,

porque estamos VIVOS!

DC

Demasiada escolha pode deprimir-nos

Um estudo conclui que a liberdade de escolha é uma vantagem mas também pode ser motivo de infelicidade, incerteza e depressão.

O quotidiano está repleto de diferentes momentos em que é preciso fazer uma escolha. Seja no supermercado, num restaurante ou numa loja. Seja em questões mais importantes, como na carreira profissional ou na vida pessoal. A liberdade
de escolha é uma vantagem, mas demasiada escolha estará a tornar-nos indecisos, insatisfeitos com as decisões tomadas, e com a permanente sensação de que haveria algo melhor.
As conclusões do estudo, realizado por investigadores da Universidade de Stanford, Califórnia, apontam para que uma pessoa se torne demasiadamente focada nas suas preferências, ao ter de tomar tantas decisões. Tornar-se-á mais egoista e terá falta de empatia.
"Mesmo em contextos em que a escolha pode trazer liberdade, poder e independência, há desvantagens. A escolha também pode gerar incerteza, depressão e egoísmo", explicou a autora do estudo, Hazel Rose Markus.

O artigo, intitulado "Escolha significa Liberdade e Bem-estar?", foi publicado na revista Journal of Consumer Research.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Escolas de Miranda do Corvo avaliadas com distinção

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O Agrupamento de escolas de Miranda do Corvo atingiu avaliação máxima na maioria dos domínios analisados no âmbito da avaliação externa a nível nacional.
«
A escola está extremamente satisfeita com o resultado. Sabemos o trabalho que fazemos aqui, mas sendo uma avaliação externa o significado é diferente», afirmou ao Diário de Coimbra, orgulhoso, o director do Agrupamento de Escolas de Miranda do Corvo, Fausto Luís Rodrigues.

A Net está a mudar-nos o cérebro?

Especialistas acreditam que a Web altera o nosso raciocínio... para pior. Será? Clique na imagem para ler a notícia completa.

Capacidade de concentração reduzida. Menos interesse pela reflexão e a introspecção.
Incapacidade para se envolver em pensamentos profundos. Raciocínio fragmentado e confuso.
As maneiras como a Internet afecta supostamente o pensamento são tão apocalípticas como especulativas, uma vez que tudo o que se escreve acima é apoiado por dados não experimentados e episódicos.

Fonte: Expresso

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Maior base de dados sobre Portugal já está online

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Foi lançada esta manhã a Pordata, uma base de dados de acesso gratuito sobre Portugal Contemporâneo, apresentada como “um serviço público de informação estatística” e criada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.
A Pordata pretende ser a maior base de dados estatísticos sobre Portugal com acesso universal e gratuito. Está disponível a partir de hoje na Internet, em www.pordata.pt/, e é o resultado de uma iniciativa da Fundação Francisco Manuel dos Santos, presidida pelo investigador António Barreto.
Segundo António Barreto, a Pordata reúne estatísticas sobre "quase todos os capítulos da sociedade portuguesa", com dados relativos aos últimos 50 anos, fornecidos por mais de 30 entidades que produzem estatísticas certificadas.

Acordo ortográfico em 2011-2012

Como já tínhamos dado conta aqui no Coisas com Letras a 16/12/2009.

A ministra da Educação anunciou ontem, segunda-feira, que o novo Acordo Ortográfico deverá chegar às escolas apenas no ano lectivo 2011-2012. Isabel Alçada justificou que não faz sentido investir em formação de professores para o Acordo Ortográfico numa altura de crise.
Fonte: JN

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Palavras

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Solto palavras...

Como borboletas estonteantes

voam à minha volta

nuas, numa dança circular.

Eu estendo-lhes a mão,

acaricio - as com ternura.

Levemente vêm pousar

na minha folha de papel e então

a magia acontece: ganham cor,

ficam arranjadas e mais belas

de tanto olhar para elas.

Não, não é magia, é poesia

Que sai do coração e salta

para a minha mão.

DC

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Ritual

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O dia nasce e nós que fazemos?

O ritual de tantos dias iguais. Não há um dia diferente, ou haverá?

Porque teimamos em não mudar? Mas quando? Porquê adiar o prazer? É próprio do ser humano, deixar para mais tarde o que pode fazer a diferença do ritual, tão monótono já, que causa tédio.

Diz o adágio popular, “Não guardes para amanhã, o que podes fazer hoje”.

Então, para quando a mudança? Será necessário consultar a agenda? É que, olhando à nossa volta, para a família, para os amigos, a vida passou, os ideais, os sonhos desvaneceram-se e, como espuma na areia, enfraqueceram, morreram.

Eles continuam, caminhando como robôs, perdidos e aprisionados pelo tempo.

DC

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Coimbra: Guitarras de Carlos Paredes voltam a tocar para evocar aniversário do mestre

As guitarras de Carlos Paredes voltaram a tocar, em Coimbra, no Edifício Chiado, numa sessão que evocou o aniversário do mestre da guitarra portuguesa que, se fosse vivo, faria 85 anos.
Nascido em Coimbra a 16 de Fevereiro de 1925, o compositor e guitarrista português foi um dos principais responsáveis pela divulgação e popularidade da guitarra portuguesa, mantendo um estilo coimbrão e uma guitarra de Coimbra em Lisboa, onde aprendeu a tocar e viveu grande parte da sua vida.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

História do Carnaval

O Carnaval é o uma festa que se originou na Grécia em meados dos anos 600 a 520 a.C.. Através dessa festa os gregos realizavam seus cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção. Posteriormente os gregos e romanos inseriram bebidas e práticas sexuais na festa tornando-a intolerável aos olhos da Igreja. Com o passar do tempo, o Carnaval passou a ser uma comemoração adoptada pela Igreja Católica, o que ocorreu de fato em 590 d.C. Até então, o Carnaval era uma festa condenada pela Igreja por suas realizações em canto e dança que aos olhos cristãos eram actos pecaminosos. A partir da adopção do Carnaval por parte da Igreja, a festa passou a ser comemorada através de cultos oficiais, o que bania os “actos pecaminosos”. Tal modificação foi fortemente espantosa aos olhos do povo já que fugia das reais origens da festa como o festejo pela alegria e pelas conquistas.

Em 1545, durante o Concílio de Trento, o Carnaval voltou a ser uma festa popular. Em aproximadamente 1723, o Carnaval chegou ao Brasil sob influência europeia. Ocorria através de desfiles de pessoas fantasiadas e mascaradas. Somente no século XIX que os blocos carnavalescos surgiram com carros decorados e pessoas fantasiadas da forma semelhante à de hoje.

ALGUNS CARNAVAIS DE PORTUGAL



Carnaval da Mealhada
Carnaval de Ovar
Carnaval de Torres Vedras
Carnaval de Estarreja
Carnaval de Sines

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Memórias

(clique na imagem)................... .
Era uma mulher perspicaz, inteligente, conselheira, que vivia numa aldeia da província. Um dia conheceu um rapaz, casaram e juntos construíram um palácio. Rumaram à capital e implantaram o seu negócio.
Na minha memória, retenho as viagens que faziam à aldeia, as novidades que lhes ouvia contar da moda Lisboeta e dos costumes da época, sempre ilustrados pelas revistas que eu adorava folhear.
Recordo que a sua chegada era como um refrescar da pacatez que se vivia na aldeia onde os dias eram marcados pelo nascer e pôr-do sol e a agricultura era a ocupação das gentes deste recanto Beirão.
Em todas as casas reinava a abundância, porque da terra vinha o sustento, vivia-se feliz e em todas as épocas havia motivos para festejar. No Natal, fazia-se o presépio, vestia-se roupa nova e ia-se à missa; vinha a época das sementeiras, lavravam-se as terras, comiam-se merendas no campo, durante as curtas pausas da lavoura, corria-se a colocar as batatas nos regos, chegavam as andorinhas, descobriam-se os ninhos, e os dias passavam depressa. No Verão, apanhava-se rosmaninho, saltava-se à fogueira, dançava-se nos bailaricos e, ao nascer do sol, um chilrear intenso marcava mais um dia que não se compadecia com a folia da noite. A época da desfolhada, os banhos no rio e, à noite, o cricrilar dos grilos e o piar das corujas. O Outono trazia as geadas, as ventanias, as chuvas e as cheias. O rio transportava tudo o que era esquecido nas margens e, no seu percurso desenfreado, ia largando brinquedos, paus, tábuas, abóboras. Era também a época das vindimas e de provar o vinho doce. Chegava o S. Martinho enfarruscavam-se as faces, apanhava-se a azeitona e, do lagar, traziam-se bilhas de azeite.
Eu adorava ir ao palácio fazer uma visita. Tinham sempre presentes e iguarias diferentes com sabor citadino.
Nas férias fui à capital. A princípio minha mãe receava pela viagem, na época um pouco mais longa, mas cedeu e parti. Conheci uma realidade diferente: um vai e vem de gente que não se cumprimentava e que, apressadamente, atravessava a rua e corria para apanhar o eléctrico. A beleza do nascer e do pôr-do sol quase não se via e as pessoas não me pareciam felizes.
Os anos passaram e o regresso definitivo do casal à sua terra natal e ao palácio foi inevitável. Não tiveram filhos, adoptaram uma menina que se fascinou pela vida citadina e por lá ficou.
O tempo não perdoa e partiram, separados no tempo, mas unidos pelo amor, e o palácio ficou com a sua história para contar.
Recordo, com saudades, a Mulher do palácio da minha infância.
DC

Obrigados, namoradas

Penso em tudo o que os homens sentem pelas mulheres que amam e tento dizer o que nos une nesse amor, fora dos pormenores e das particularidades.
Sei que as mulheres que nos amam não nos amam de maneira diferente, mas, como nunca se sabe, deixei-as de fora, falando apenas pelo meu género: a malta.

Minha amada querida. O meu pai, logo depois de se ter apaixonado pela minha mãe, disse-lhe, em pleno namoro (ela uma mulher inglesa casada, com uma filha pequena; ele um solteirão português): "Se soubesses quanto eu te amava; destruías-me já." E disse a verdade. Era tanto o amor e o ciúme que lhe tinha, que fez mal à mulher que amava, minha mãe, e mal ao homem que a amava; ele próprio; meu pai.
O amor é um castigo; é um desespero; é um medo. O amor vai contra todos os nossos instintos de sobrevivência. Instiga-nos a cometer loucuras. Instiga-nos a comprometermo-nos. Obriga-nos a cumprir promessas que não somos capazes de cumprir. Mas cumprimos.
Eu amo-te. E não me custa. É um acto de egoísmo. Mesmo que tu me odiasses mas te odiasses tanto a ti própria que não te importasses de ficar comigo, eu seria feliz e agradeceria a Deus a tua inconsciência; a tua generosidade; qualquer estupidez ou inteligência que te mantivesse perto de mim.
A sorte não é amar-te nem tu me amares. A sorte é ter-te ao pé de mim. Tu podes estar enganada. Deves estar enganada. Mas ninguém neste mundo, por pouco que me ame ou muito que te ame, está mais certa para mim.

Obrigado.

Miguel Esteves Cardoso
(Público 14.02.2010)

domingo, 14 de fevereiro de 2010

A Vida em Surdina, de David Lodge

A Vida em Surdina, de David Lodge, foi nomeado para a lista final do Commonwealth Writers' Prize 2009 na categoria de Melhor Livro da Europa e Sul da Ásia.
Considerado pela Lire como um dos melhores romances de 2007, A Vida em Surdina relata de forma divertida e comovente o esforço de um homem para enfrentar a surdez, ao mesmo tempo que se debate com a velhice e a mortalidade, a comédia e a tragédia da vida humana.
Quando decide pedir a reforma antecipada, o professor universitário Desmond Bates nunca pensou vir a sentir saudades da azáfama das aulas. A verdade é que a monotonia do dia-a-dia não o satisfaz. Para tal contribui também o facto de a carreira da sua mulher, Winifred, ir de vento em popa, reduzindo o papel de Desmond ao de mero acompanhante e dono de casa. Mas o que o aborrece verdadeiramente é a sua crescente perda de audição, fonte constante de atrito doméstico e constrangimento social. Desmond apercebe-se de que, na imaginação das pessoas, a surdez é cómica, enquanto a cegueira é trágica, mas para o surdo é tudo menos uma brincadeira. Contudo, vai ser a sua surdez que o levará a envolver-se, inadvertidamente, com uma jovem cujo comportamento imprevisível e irresponsável ameaça desestabilizar por completo a sua vida.